Dirigido por Chris Matallo – uma artista Só Dança – o evento acontece em São Paulo esta semana e recebe estrelas da dança mundial
Já aqueceu as suas chapinhas e separou o seu sapato? Se você não sabe do que estamos falando, leia essa matéria até o final, porque com certeza você vai ficar com vontade de sapatear. Essa semana, entre os dias 11 e 15 de outubro, acontece em São Paulo, a 19ª edição do Brasil International Tap Festival, um dos mais importantes eventos de sapateado país, com aulas, espetáculos e mostra. Com direção da sapateadora Chris Matallo, o evento, acontecerá na loja da Só Dança e no Teatro Procópio Ferreira. Esta edição do festival homenageia o sapateador LaVaughn Robinson, que morreu há dez anos.
Além das aulas que acontecem durante o evento, duas noites serão reservadas para grandes espetáculos, no Teatro Procópio Ferreira. Na quinta-feira, dia 11 de outubro, às 21h, acontece o Tap Show, com uma mostra comentada pelos professores convidados, e no dia 15 de outubro (segunda-feira), a Gala Tap, também às 21h, com a participação de todos as estrelas internacionais.
“Na Tap Mostra contaremos com a participação de muitos grupos do sapateado do Brasil, vindos de diversos Estados do Brasil. Com coreografias de sapateado americano, as companhias e grupos de todo Brasil e exterior, apresentam a sua identidade artística e o resultado de suas pesquisas artísticas. O palco do Teatro Procópio Ferreira se configurará como o palco da troca, da diversidade, da pluralidade, e ao mesmo tempo da singularidade da dança que move cada um”, fala Chris Matallo. “E na Tap Gala, além dos grupos convidados o público poderá ver todos os nossos professores se apresentando”, completa.
As aulas são divididas em três níveis – básico, intermediário e avançado – e todos os participantes terão a chance de conhecer um pouco sobre cada uma das linguagens apresentadas. “Durante o evento como um todo serão dadas bolsas de estudos internacionais para festivais como L.A Tap Festival, D.C Tao Festival, Tap City (NY), e também para eventos brasileiros como Floripa Tap, Semana do Sapateado de Uberlândia, Copasetic, entre outros”, completa a diretora.
ARTISTAS |
Figurinha carimbada e pedida no evento, o sapateador americano Jason Samuels Smith, vencedor do Emmy Awards pela coreografia na abertura de “Telethones” do programa de Jerry Lewis e padrinho do Festival, volta para aulas e para se apresentar na Gala Tap, ao lado de Chris Matallo. Chris é conhecida internacionalmente como a Carmen Miranda do sapateado pelo jornal The New York Times. Entre os artistas internacionais também estão Jim Hamilton, Robert Burden Jr., Corinne Karon, Rochelle Haynes e Leslie Elkins. A brasileira Marina Coura, diretora do Floripa Tap, completa o time de estrelas.
Corinne Karon também é presença frequente no Festival. Ela fundou a Uniting Colleges Through Tap em 2008 e é diretora executiva da equipe de sapateado Two and Company. Professora da Rowan University, Bryn Mawr College, Haverford College, Academia de Dança Wissahickon e Chester Dance Academy, ministra workshops em inúmeros países. Sua parceria com Chris Matallo é antiga. “Em 2016 Corinne trouxe um grupo de sapateadores dos Estados Unidos para sapatear com brasileiros na ala do Sambateado da Escola de Samba Mocidade Alegre, grupo que fundei para o Carnaval brasileiro. E em 2017 estive por três meses na Rowan University, na Filadélfia, ao lado dela e da Leslie Elkins. Lá desenvolvemos um trabalho chamado House of Murals. Sem contar que ela já veio dar aulas no Festival diversas vezes”, completa a diretora.
Leslie, que também integrou o time do Sambateado volta desta vez para aulas de contato-improvisação para o sapateado. Doutora em dança e professora associada na Rowan University, é especializada em composição e performance de improvisação. Também no time de professores está Rochelle Haynes, que integrou o time de artistas da Tap Team Two e Company. Rochelle ministra aulas de história do sapateado e de dança por todo o Estados Unidos e atualmente integra o corpo docente da Temple University e está em seu décimo terceiro ano como artista convidada em residência do Tap Ties, no Moravian College.
Robert Burden Jr, é o fundador e diretor artístico da Tap Team Two and Company, uma companhia de sapateado da Filadélfia criada em 1992. Robert tem se apresentado e ensinado em todo o mundo e foi professor na Universidade de Artes da Califórnia por mais de 20 anos. Ele é um dos estudiosos da obra de LaVaughn Robinson, o homenageado deste festival. Também convidado, Jim Hamilton – que estará na Tap Gala ao lado de Chris no pocket show B.r.U.s – é diretor do Rittenhouse Soundworks (Philadelphia. PA), uma instalação de gravação de última geração para filmes e som, é um baterista e percursionista de mão cheia. Ele desenvolveu uma linguagem própria de fundir movimento e som e trabalha no cenário da música, dança, teatro.
“BrUs é uma grande ponte entre a música e a dança dos Estados Unidos, que continua minha pesquisa sobre o som do movimento, que vai além do tap, da percussão”, fala Chris Matallo, que integrou o elenco de New York, New York – o musical dirigido por José Possi Neto (2011-13), no qual também foi supervisora do tap dance. Ela também supervisionou o sapateado do musical “Crazy for You” (2014) e foi a coreógrafa responsável pelo sapateado do musical “Cantando na Chuva” (2017), pelo qual recebeu um prêmio de melhor coreografia ao lado de Kátia Barros. E para fechar o time de estrelas está Mariana Coura. Diretora da Garagem da Dança e da Cia. “Trupe TOE”, é coreógrafa e diretora artística dos espetáculos “Papo Brasileiro”, “Tap em Tom” e “Recriando Linguagens”, os quais circulam pelos palcos do Brasil e exterior.
LAVAUGHN ROBINSON (1927-2008)
Reconhecido pelo National Endowment of the Arts como um “Tesouro Nacional Vivo”, LaVaughn Robinson nasceu na Filadélfia, e ainda criança aprendeu os primeiros passos de sapateado com sua mãe. Os Nicholas Brothers (Fayard e Harold) e os irmãos Condos (Steve, Frank e Nick) vieram do mesmo bairro de Robinson, um celeiro de talentos.
Quando adolescente conheceu Henry Meadows, um sapateador mais velho que lhe ensinou importantes elementos para sua dança, caracterizada por um sapateado mais preso ao chão, porém veloz. Vindo de uma tradição de rua que enfatizava a velocidade e o brilho, seu estilo maduro se desenvolveu a partir da observação e imitação dos dançarinos de seu dia com particular interesse na dança. Criou sequências como Robinson’s Waltz Clog e ficou muito famoso pela sua sequência de paddles and roll (sequência de calcanhares e ponta que se repetem ritmicamente) as quais subdividia os tempos. Foi um artista que marcou gerações e merece todas essas homenagens no ano em que se é celebrado os 10 anos de sua morte. “Foi ele quem também criou e abriu as portas da Universidade de Artes, da Filadélfia, para o sapateado. Isso fez com o que sapateado ganhasse um outro tipo de lugar, ganhando visibilidade e espaço. O sapateado foi abraçado não só pela dança, mas também pela música.”, completa a diretora.
PARA VER |
Espetáculos do Brasil International Tap Festival. Dias 11 e 15 de outubro, às 21h, no Teatro Procópio Ferreira (Rua Augusta, 2823), em São Paulo. Ingressos variam entre R$ 20 e R$ 60 e podem ser adquiridos pela ingressorapido.com. Mais informações: http://www.brasiltapfestival.com.br.
Sem Comentários