Estrela da dança mundial ganha o seu segundo documentário no Brasil
por Marcela Benvegnu | [email protected]
Ela tem uma carreira que qualquer bailarino neste mundo desejaria ter vivido. Aos 16 anos já estudava na Royal Ballet School, em Londres. Pouco mais tarde dançava Balé do Marques de Cuevas, mas foi sob a direção de John Cranko (1927-1973), no início dos anos 1960, no Sttutgart Ballet, que ganhou consagração mundial: ficou conhecida como a Callas da Dança por sua força e versatilidade em interpretar grandes papéis. Se tornou diretora artística do Sttutgart Ballet – depois da morte de Cranko – e depois do Balé de Santiago, no Chile, onde está até hoje. Nesse caminho dançou com grandes nomes, fez uma carreira primorosa, coreografou para diversas companhias e é reconhecida como uma das maiores referências internacionais da dança do século XX.
Documentário
Há pouco mais de duas semanas, Marcia Haydée ganhou seu segundo documentário biográfico, no Brasil: “Marcia Haydée: Uma Vida pela Dança”. O filme, que teve duas pré-estreias – uma dentro da Mostra Première Brasil do Festival do Rio de Janeiro e outra Espaço Itaú de Cinemas, em São Paulo – foi idealizado por sua irmã Monica Athayde, produzido por Marco Altberg, através da Indiana Produções, em parceria com a Globo Filmes e a Globo News. Ambas exibições foram acompanhadas pela artista, hoje com 81 anos.
O documentário, dirigido por Daniela Kallmann, com roteiro de Julia de Abreu e trilha sonora original de Mariana Camargo, começou a ser elaborado há mais de 6 anos, quando Monica decidiu começar suas pesquisas nos acervos da irmã. O material selecionado traz momentos da bailarina no Rio de Janeiro – ela nasceu em Niterói –, na Alemanha e no Chile, onde morou e desenvolveu sua carreira. Imagens dos anos 50, na casa de seus pais, marcam o momento em que Márcia conhece Michael Powell (1905-1990), diretor de The Red Shoes (1948), que impulsiona sua ida para a Europa.
“Além da Marcia bailarina, diretora de ballet e coreógrafa, queremos mostrar a pessoa que está por trás dos palcos. A Márcia generosa, que tem uma energia incrível e que mesmo depois dos 80 anos continua trabalhando incessantemente ao redor do mundo”, conta Monica Athayde. “Foi um prazer, uma alegria e um grande aprendizado fazer um filme com e sobre a Marcia Haydée. Trazer suas lembranças e seu exemplo para as novas gerações é necessário para a formação artística das nossas plateias”, conta Marco Altberg.
Assista aqui ao documentário Márcia Haydée, da série Figuras da Dança:
E foi como parte das comemorações de seus 80 anos que o documentário começou sua produção que agora chegou às telas do cinema. Cenas de Márcia em no Bolshoi, em Moscou; na Opera, em Paris; no Covent Garden, em Londres; no Staatsoper, em Berlin; no Bunka Kaikan, em Tóquio; além de Metropolitan Opera House, em Nova York; no Colon, em Buenos Aires; no Teatro Municipal de Santiago, no Chile e, no Brasil, Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Teatro Municipal de São Paulo são exibidas.
O documentário é entrecortado com depoimentos de Bibi Ferreira, Ana Botafogo e Deborah Colker, além de artistas internacionais como Reid Anderson, diretor artístico do Stuttgart Ballet e, Tamas Detrich, ex-bailarino solista e diretor artístico da mesma companhia, onde Marcia trabalhou por quase metade de sua carreira; Luz Lorca, diretora adjunta do Ballet de Santiago, Andrezza Randisek, bailarina solista do Balé de Santiago, Pablo Nuñes, cenógrafo e figurinista, John Neumeier, coreógrafo e diretor artístico do Hamburg Ballet, entre outros.
PARA VER AGORA – Enquanto você não pode assistir ao filme, que será exibido futuramente da TV, no Canal Curta! e na Globo News, é possível conhecer parte da carreira da artista no documentário Márcia Haydée, que integra a série Figuras da Dança (2010), da São Paulo Companhia de Dança (SPCD). O documentário foi dirigido por Inês Bogéa – que também é diretora artística da companhia – e Moira Toledo. Vale ressaltar também que foi a SPCD quem trouxe aos palcos brasileiros a primeira obra assinada por Márcia para uma companhia no país: O Sonho de Dom Quixote (2015). E por falar em SPCD, este mês eles estão em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, com outro clássico de repertório: uma versão completa de “O Lago dos Cisnes”, de Mário Galizzi. Vale o ingresso.
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