Apesar da importância dos homens na dança, eles ainda sofrem com muitos tabus. É raro encontrar meninos que sejam dançarinos desde crianças, como vemos com frequência meninas que entram para as escolas de ballet com 4 ou 5 anos. Muitos pais não incentivam seus filhos pequenos a dançarem por acreditarem ser uma atividade mais apropriada para mulheres.
É o caso do ballet para homens que sofre com uma escassez de bailarinos do sexo masculino por conta do preconceito. No entanto, nem sempre foi assim, no passado a presença dos homens no ballet era comum, o próprio Rei Luiz XIV, da França, foi dançarino e incentivador da arte, tendo criado a Academia Real de Dança.
É por isso, que temos orgulho em contar a história de sucesso de Alexander Kaden, um bailarino nordestino de 22 anos, que vive na Viena, na Áustria desde os 14 anos. Continue a leitura e inspire-se!
O começo do ballet e a presença masculina
Apesar de atualmente a presença feminina no ballet ser consideravelmente mais alta, o ballet clássico foi criado por homens e até meados do século XVII só era permitido que pessoas do sexo masculino se profissionalizassem na dança. Todos os papéis femininos eram encenados por bailarinos travestidos de mulher.
O ballet surgiu nas cortes italianos no século XV, por volta do ano de 1400, mas as mulheres só começaram a se apresentar nos palcos em 1.681, mais de 200 anos depois. Mesmo assim, homens continuaram tendo papel de destaque, principalmente porque as bailarinas naquela época tinham que usar roupas longas e pesadas que atrapalhavam os movimentos.
Com o passar dos anos, a leveza e delicadeza na execução dos movimentos, e a forte expressão corporal necessária no ballet, passaram a ser associados, exclusivamente, à imagem da mulher. Dessa forma, criaram-se estereótipos de que isso fugia do conceito de masculinidade, e os homens foram afastados da dança.
No entanto, é importante frisar que muito mais do que movimentos delicados, o ballet exige muita força, equilíbrio e flexibilidade e, neste sentido, a presença masculina é tão importante quanto a feminina. Na história do ballet temos grandes nomes como Mikhail Baryshnikov, Rudolf Nureyev, Joaquim Cortés e Fred Astaire.
Ballet para homens: uma arte para todos
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, muitos meninos driblam o preconceito e começam a fazer aulas de ballet por iniciativa própria, ou com apoio de algum familiar. A maioria deles começa com uma faixa etária mais velha do que as meninas, mas em compensação chegam com muita força de vontade e dedicação.
Alexander Kaden é um bailarino brasileiro, nascido em Recife. Ainda menino entrou para o mundo do ballet clássico aos 12 anos. Segundo ele, o maior desafio na vida de um bailarino não é a dança em si, mas o preconceito “eu sei disso porque eu sofri muito quando era criança, principalmente, por o nordeste ter uma cultura muito machista”, desabafa Kaden.
Para o bailarino isso é uma grande barreira, “quantos talentos desistem ou acabam nem começando por conta desse preconceito, quantos talentos perdemos por conta de um pensamento tão retrógrado?”, acrescenta o bailarino.
Ballet não tem a ver com gênero ou sexualidade. A dança é uma arte universal que pode ser praticada por qualquer pessoa que tenha vontade. Por isso, criar um imaginário de que não se trata de uma atividade para homens é uma visão nociva, que afeta a vida de muitos profissionais.
A história um homem no ballet
Alex Kaden sempre foi apaixonado por arte, o seu primeiro contato foi por meio do teatro. Ele sempre gostou de se apresentar e muitas vezes nas peças haviam partes de ballet. Interessado pela dança, ele começou com outras modalidades antes de se aventurar no mundo do ballet clássico.
“Eu lembro que um dos primeiros vídeos que eu assisti de ballet foi do Baryshnikov. Quando eu vi ele dançando, foi quando eu me apaixonei pelo ballet, eu nunca tinha visto um homem dançando daquele jeito, com aquela presença de palco, isso mexeu comigo e eu vi que era aquilo que eu realmente queria fazer”, conta o Bailarino.
Entusiasmado ele começou a estudar ballet clássico e aos 13 anos foi se apresentar no Seminário Internacional de Dança de Brasília, um dos principais eventos da área no país. O talento foi tão grande que o bailarino foi premiado com uma bolsa de estudos para na academia Wiener Staasoper Ballet, em Viena na Áustria.
Aos 14 anos Alex foi morar sozinho em outro país para estudar ballet. Em Viena o bailarino teve contato com grandes nomes do ballet clássico e pode se desenvolver na profissão. Ao final do seu período de formação, ele ainda conquistou uma vaga no corpo de baile da academia, onde trabalha atualmente.
“O mais importante na minha carreira foi eu ter conseguido me formar em Viena e ter tido resultados tão positivos na companhia, isso para mim já um grande destaque”, acrescenta Kaden. O bailarino ainda sonha em conquistar a posição de primeiro bailarino, seja no próprio grupo ou em outras companhias.
A rotina de um bailarino profissional
O ballet é uma arte que exige muito preparo dos bailarinos, por conta disso Alex tem uma rotina bem puxada, com treinos e ensaios 6 vezes por semana. “Durante a manhã, das 10 horas às 14 horas nós temos aulas, depois temos 40 minutos de pausa e ensaiamos das 15 horas até as 19 horas”, explica o dançarino.
A frequência e o respeito pelos horários de aula e ensaios é outro ponto importante para o sucesso na profissão. Para alcançar boas posições na dança, além da técnica é preciso ter bom comportamento durante as aulas e disciplina.
Alex segue ainda uma rotina de atividades físicas para manutenção do condicionamento físico. Com exercícios de musculação e aeróbicos para o fortalecimento muscular e para evitar lesões, uma vez que o ballet exige grande flexibilidade e força, além de seguir uma dieta equilibrada.
“É preciso ter foco, o meu sonho é ser um primeiro bailarino em uma grande companhia. Desde pequeno eu sempre quis isso, sempre foi a minha meta. É o que me faz acordar todos os dias e ir à aula e trabalhar”, explica Alex.
Apesar de tantos desafios no ballet para homens, Alex afirma que dançar é o seu sonho, é o que ele ama fazer e o pretender continuar fazendo. E para quem sonha em ser um bailarino profissional o conselho dele é um só: não desistir e continuar dançando, os resultados para que se esforça são os aplausos do público no fim do espetáculo.
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